Curve é um curta-metragem de terror escrito e dirigido por Tim Egan.
O filme tem pouco menos de 10 minutos e a trama é simples, mas imensamente agoniante e impactante. Na tela temos a personagem feminina (Laura Jane Turner), única do curta, acordando na beira de um precipício. Desesperada, ela sabe que se mexer minimamente, pode levá-la a morte e a única coisa que a mantem instável é uma leve curvatura que o buraco possui.
Aqui, ritmo e trilha sonora contribuem com a dinâmica da atmosfera, é possível sentir todo o desespero da personagem que luta pela vida, sentir toda dor e agonia que a situação a coloca.
Curve ganhou diversos prêmios quando estreou em 2017, sendo um deles o de Melhor Curta no Fantastic Fest (festival de cinema em Austin, Texas) e o Sitges (festival de cinema mais conhecido da Europa). E os motivos não são poucos, muito além do terror que vemos em tela, Tim Egan brinca com um terror real, que assombra muita gente, podendo ser você ou alguém a sua volta.
Lendo algumas matérias sobre Tim Egan, consegui reafirmar o que já havia percebido enquanto assistia Curve, entende-se as intenções do autor quando ele compartilha momentos ao lado de uma amiga que passava pelo luto. Logo é fácil perceber Curve como uma alegoria, a depressão. Você quer sair do buraco, mas as vezes desistir parece ser tão mais fácil. Sentimentos como dor e medo são constantes, as curvas são íngremes como as do buraco, um passo em falso é crucial. Você não pode sair até que alguém te estenda a mão, mas ninguém o vê ali.
Eu poderia ficar o dia todo aqui falando sobre todas as metáforas que existem neste curta, sem contar o final, puramente ambíguo, mas também quero deixar um pouco dele para vocês apreciarem a genialidade dele, por mais desconfortável que ele possa parecer.
Curve se tornou um dos meus curta-metragens favoritos, sendo ele um dos mais tensos, mesmo com a premissa simples. Provando que um terror de qualidade pode ser sim minimalista, desde que te faça, junto com a personagem, querer agarrar uma fração de concreto, mesmo que ele só existe na sua cabeça. Tim Egan colocou num curta de 10 minutos, o que por muitas vezes não conseguimos explicar em uma vida inteira. Simplesmente fantástico, necessário e a essência do terror. Está tudo aqui!